O Movimento Hip-Hop é a organização de várias pessoas em prol de uma mudança significativa para quem precisa, esta é a mudança que o hip-hop deve fazer e através dos seus elementos, demonstrar que está alerta ao que acontece na sociedade cantando (rap), dançando (break), desenhando (grafitti) e dando ritmo (DJ) ao que precisa ser feito para tal transformação. É uma cultura de rua, sem muros que pode ser levada pelo vento da transformação para qualquer parte do mundo.
O poder de transformação do hip-hop a favor do povo do asfalto e da favela precisa ver além das letras e desenhos que buscam retratar a realidade, precisa perceber, olhar directamente para ela, precisa mudar esta realidade que é retratada. O movimento social que faz o hip-hop ser e dizer o que é hoje deve ser defendido e ensinado por seus elementos e colaboradores, que por sua vez devem reconhecer, analisar e descobrir formas de promover as mudanças para aqueles que tanto esperam para fazer parte dela.
A capacidade de auto-organização da periferia é real e notável apesar dela não perceber que a faz tão bem. A auto-organização precisa ser reapresentada e deve ser trabalhada para suprir as necessidades que o grupo tem já que não está acostumado a ter confiança no trabalho que desenvolve, não por falta de vontade, mas assim foi sendo ensinado. Dessa capacidade natural saiu o hip-hop que resiste e fala por essa população, sendo assim a auto-organização para desenvolvimento da periferia é possível e o hip-hop é a voz que deve distribuir essa ideia.
Concluindo, "não há cultura hip-hop sem envolvimento com as dificuldades que criaram essa mesma cultura, a forma como se criou e contínua se recriando o hip-hop mostra isso”. Se dizer integrante do hip-hop significa assumir uma postura de mudança da realidade que diz reconhecer, significa colaborar para que essas mudanças sejam feitas realmente, dando poder de analisar os problemas e criar soluções de forma consistente à periferia.
Rita Silva